Em um período de recessão econômica, as dificuldades financeiras exigem que os consumidores sejam mais seletos nas suas aquisições. Mesmo as pessoas que não são afetadas diretamente pela crise acabam sendo mais cautelosas em seus orçamentos econômicos, prevendo possíveis reflexos negativos que possam ser causadas a elas.
É por este motivo que bens de consumo mais caros e supérfluos sofrem mais com a queda da economia, enquanto que a venda de bens necessários, tais como alimentos básicos, são mais resilientes.
Esta diferença entre os setores fica clara quando avaliamos o desempenho do volume de vendas do comércio nacional ao longo dos últimos anos.
Há uma diferença notável entre o consumo de veículos e alimentos, por exemplo, sendo que o segundo setor teve pouca alteração durante a recessão econômica, o que deve estar ligado ao consumo de alimentos de maior valor. No caso dos veículos, que têm uma vida útil longa, percebe-se que as pessoas postergaram esta compra para quando tivessem melhores condições financeiras, o que faz com que as vendas destes bens apresente crescimento significativo nos últimos meses.
Além destas atividades, destacam-se também o consumo de farmácia, cosméticos e perfumaria, que foram ainda mais resilientes os alimentos e seguem em crescimento sustentável no período mais recente. O Brasil é um dos maiores mercados internacionais de cosméticos e perfumarias e este resultado parece consolidar a importância que estes bens possuem na cesta de consumo dos brasileiros.
Por último, também é notável a queda do volume de vendas de jornais, revistas e papelaria em geral. Este comportamento pode estar vinculado não só à crise mas a tendência de digitalização do acesso à informação, que afeta o consumo destes itens.
Deste modo, confirma-se aqui a importância de avaliar os dados setoriais de maneira específica. A crise para o setor de perfumaria foi bem menos aguda que a dos veículos, móveis e eletrodomésticos. O mesmo ocorre para as regiões e demais peculiaridades que existem.
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